segunda-feira, julho 09, 2012

Apelou, perdeu.

Tenho visto alguns comentários indignados sobre a repercussão da luta  Anderson Silva vs. Chael Sonnen. Como assim essa "violência" conseguiu mobilizar tanta gente? Que mundo é esse?


Bom, existem duas formas de não gostar de alguma coisa: aquele desgostar gratuito, de quem "não gosta porque não gosta e pronto" e o desgostar de quem acha que tem motivos pra isso. 


Se o seu desgostar é gratuito, tudo bem, você não gosta de luta e eu gosto. Eu também não gosto de jiló, apesar da minha mãe me dizer que é uma delícia. Não te chamo pra ver a luta e você não me chama pra comer jiló, combinado?
Agora, se sua implicância tem motivos, imagino que você seja uma pessoa ponderada, daquelas que fundamentam suas opiniões em argumentos. Por isso eu sei que você não tem nada contra um bom contra-argumento, e vai saber defender educadamente seu ponto de vista. Afinal, falta de educação é coisa daqueles trogloditas do UFC. E sair chamando uma coisa que outras pessoas gostam de "lixo" não é lá muito educado. 


Vamos por partes. O que te incomodou tanto nessa luta?


Foi o fato de ter tanta gente assistindo?
Sim, o alcance da mídia é impressionante. Esse é um bom exemplo de como um evento midiático e comercial consegue se divulgar rápido e com impacto. Mas não acho que você tenha problema em lidar com isso se já acompanhou alguma Copa ou se viu as Olimpíadas de Inverno. Comercializar não é necessariamente uma coisa ruim, você sabe. Existe um evento, existem pessoas interessadas e participar ou assistir. A televisão encontra um jeito de lucrar com isso transmitindo o fato e faturando mais em publicidade. E todo mundo que entendeu o que ia acontecer ali sabia que aquele era um evento importante. Quem não entendia mas ficou impressionado com a repercussão também poderia comentar. Eu, seu tio, seu ex, e até a sua avó, por que não? A gente comenta no trabalho que bateu o dedo do pé na quina da porta, não vai comentar que um brasileiro ganhou a luta contra um americano falastrão? 


Foi a violência?
Um homem chega em casa e agride sua mulher. Ou seus filhos. Ou a mulher - que seja - resolve dar um tiro no traidor. Um assaltante dá uma coronhada em sua vítima. Duas pessoas discutem no trânsito. Uma parte pra cima da outra, e a outra se defende com socos e pontapés. Por que isso é violência?
Porque são imposições de força sobre quem não esperava por isso, não tinha condições de se defender, decisões tomadas impulsivamente e em situações inapropriadas. Quase sempre tudo junto, mas ao menos uma dessas coisas caracteriza violência.
Vamos ver agora desta forma: dois homens adultos se dedicam a treinos diários exaustivos para aumentar sua força, velocidade e técnica. Sim, técnica. Existem movimentos coordenados para defender ataques e ataques planejados para driblar a defesa. Dominar esses movimentos exige disciplina fora do comum. Descuidou do seu corpo? Saiu na desvantagem. Ficou com preguiça de treinar? Vai lidar com isso depois. Eles buscam em lutas milenares técnicas diferentes para se aperfeiçoar. Vamos agora falar sobre resistência. Se eu tomo um sopapozinho, caio. E se brincar, caio chorando. Porque eu não me preparo pra isso, eu não quero nem preciso lidar com dor. Não é o caso deles. Se eu der um sopapo em algum dos dois e não avisar que já bati, talvez eles não percebam. Porque eles treinam todo dia para tolerar quantidades de impacto que uma pessoa normal não saberia absorver. Recomendo que você observe a expressão do Sonnen no fim da luta: o que está pesando ali é dor ou decepção?


 Você não consegue entender que alguém opte por trabalhar com dor?
Então risque da sua agenda qualquer evento esportivo. Ser atleta profissional é sim, lidar com os limites. Por isso o esporte encanta.  Por isso ele choca. E eu não estou falando de lutas, estou falando de ginástica olímpica, vôlei, futebol, patinação no gelo. O atleta profissional força os limites de seu corpo a ponto de desrespeitá-lo. Pergunta pra Daiane dos Santos se ela entende disso. Pergunta para esse cara aqui se ele não acha que passou do ponto no esforço:


Georgi Kirilov Georgiev - Atleta Búlgaro no Campeonato europeu de atletismo.



Não me agrada que esse cara passe por isso. Mas o atleta compete com outros e consigo. Por escolha própria. Então me diz: dois homens sobem ao octógono por livre e espontânea vontade. E lutam, medindo forças, resistência e técnica. Eles se apropriam, sim, de movimentos que, infelizmente, são usados de forma violenta por muitas pessoas. Mas além de compreender esses movimentos, eles levam à disputa respeito e disciplina, além de dar uma aula sobre como controlar a raiva. Não preciso descrever o quanto o lutador brasileiro foi provocado antes da luta, o quanto o adversário pilhou o Brasil e as mulheres Brasileiras. E a luta se decidiu assim: um venceu, outro perdeu. Ao fim da luta, o vencedor pediu aplausos para o perdedor e o convidou a um churrasco em sua casa, feito por sua mulher. O Derrotado reconheceu os méritos do vencedor. Acabou. 
Você vai me dizer que isso é animalesco e os outros esportes não? Espero que tenha um bom argumento. 

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Lista (em construção) de coisas a fazer na encarnação que vem:


- Nascer de olhos claros;
- Aprender a dançar e a tocar piano desde cedo;
- Não cortar o cabelo curtinho quando adolescente;
- Não pintar o cabelo;
- Cuidar dos joelhos.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Socorro, alguém pare esse mundo, tá tudo errado, tá tudo torto, mas gente, pra que isso tudo, porque fazer assim, não era mais fácil e melhor pra todo mundo fazer de outro jeito? A gente tem que combinar de começar a fazer tudo diferente a partir de agora, um dois três e já, não vale mais trapacear, então fica assim, todo mundo, todo mundo junto, faz do jeito certo. Tá?

terça-feira, agosto 09, 2011

Tão feio quanto não respeitar outras pessoas é não se respeitar.

sexta-feira, julho 29, 2011

Sabe?

O problema da discriminação é que cada preconceituoso acha que está tudo bem ter só aquele preconceito. O chefe que paga menos a uma mulher não entende que um dia ele vai se tornar idoso, e sua opinião valerá menos que as outras, a despeito de sua experiência. A mulher que torce o nariz para um negro na rua não pensa que um dia, por acidente, pode se tornar deficiente física. A loira dinamarquesa que ridiculariza a aparência nordestina não enxerga que, aos olhos dos europeus, ela é só uma latina. No fim das contas, é tudo parte de uma corrente só, que impede que cada um cuide da sua vida e impede que as pessoas se respeitem apesar de suas diferenças. Preconceito, não interessa de onde venha ou a quem se destine, é sempre, sempre, um tiro no pé de todo mundo que não sabe ainda viver em sociedade.